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  • sábado, 27 de outubro de 2012

    ORIENTAÇÃO AO  CENTRO ESPÍRITA -
    UNIÃO DAS SOCIEDADES ESPÍRITAS DO ESTADO DE SÃO PAULO (USE)


    A União das Sociedades Espíritas do Estado de São Paulo (USE), entidade federativa coordenadora e representativa do movimento espírita do Estado de São Paulo, no Conselho Federativo Nacional da Federação Espírita Brasileira, em reunião do seu Conselho Deliberativo Estadual, realizada em 8 de junho de 2008, aprovou a declaração "Orientação ao Centro Espírita".  
    Orientação ao Centro Espírita
    O trabalho Federativo e de Unificação do Movimento Espírita é uma atividade-meio que tem por objetivo fortalecer, facilitar, ampliar e aprimorar a ação do Movimento Espírita em sua atividade-fim, que é a de promover o estudo, a difusão e a prática da Doutrina Espírita.  Decorre da união fraterna, solidária, voluntária, consciente e operacional dos espíritas e das Instituições Espíritas, através da permuta de informações e experiências, da ajuda recíproca e do trabalho em conjunto. 
    É fundamental para o fortalecimento, o aprimoramento e o crescimento das Instituições Espíritas e para a correção de eventuais desvios da adequada prática doutrinária e administrativa.  
    O estudo constante da Doutrina Espírita com base nas obras de Allan Kardec e o propósito permanente de colocar em prática os seus ensinos, são fundamentos para a correta execução de toda atividade espírita.  O Espiritismo não possui qualquer forma de culto, não se ocupa de dogmas particulares, não tem hierarquia sacerdotal, sacramentos, rituais ou idolatrias.  A direção dos trabalhos, quando possível, poderá ser feita na forma de rodízio ou revezamento, visando ao espírito de equipe e à preparação de seus colaboradores.
     A astrologia, piramidologia, quiromancia, radiestesia, tarô, numerologia, apometria, cromoterapia, reiki e cristalterapia são práticas respeitáveis, mas cada qual dentro das suas próprias Doutrinas, pois não são adotadas pela Doutrina Espírita.   (GRIFAMOS)
     Com estas considerações, registramos algumas recomendações:
    Agir de tal modo a não permitir, mesmo indiretamente, o profissionalismo religioso, quer na prática da mediunidade e quer na direção de instituições espíritas. “Quando um médium se resolva a transformar suas faculdades em fonte de renda material, será melhor esquecer suas possibilidades psíquicas e não se aventurar pelo terreno delicado dos estudos espirituais. A mediunidade não é ofício do mundo...” (questão 402, O Consolador, Chico Xavier). “Dai de graça o que recebestes de graça”.Jesus. (ESE, cap. XXVI, itens 1 e 2)
     Livros de auto-ajuda e outras literaturas que estão em desacordo com a Doutrina Espírita não são recomendados para serem oferecidos ou expostos ao alcance do público freqüentador do centro espírita.
     Convidar para proferir palestras apenas pessoas reconhecidamente espíritas e conhecidas dos dirigentes do centro espírita, para não proporcionar, inadvertidamente, apresentação de princípios não condizentes aos postulados espíritas.
     Precaver-se de autores de livros e outras produções espíritas e/ou espiritualistas que possuem um serviço de oferecimento de palestras, com finalidade comercial, pois nem sempre têm compromisso com a filosofia e princípios espíritas. Também, há que se atentar para o conteúdo dos programas lítero-musicais oferecidos às instituições espíritas.
     União das Sociedades Espíritas do Estado de São Paulo (USE) Aprovada pelo Conselho Deliberativo Estadual, em 8 de junho de 2008. PUBLICADA NO JORNAL DIRIGENTE ESPÍRITA, nº 107, julho/agosto de 2008 (veículo de comunicação da USE)

    sexta-feira, 19 de outubro de 2012

    ENTREVISTA JORNAL VERDADE E VIDA


                                                              Por Renata Girodo/São Paulo

    Jornal Verdade e Vida: Defina mediunidade e os diferentes tipos que podem se apresentar.

     Jorge Hessen: Podemos definir mediunidade como a capacidade que temos de perceber a influência ou ensejar a comunicação dos Espíritos. Em o Livro dos Médiuns - cap. XIV, Allan Kardec assegura serem raros os que não têm essa percepção. Para Emmanuel, é aquela luz que seria derramada sobre toda carne. É atributo do Espírito, patrimônio da alma imortal, elemento renovador da posição moral da criatura terrena. Em algumas pessoas a mediunidade é ostensiva e precisa ser disciplinada; noutras jaz latente, podendo revelar-se episódica. Numa definição mais circunscrita, a mediunidade tem um aproveitamento mais limitado, aplicando-se às pessoas dotadas de uma capacidade intercessora, seja para a produção de efeitos físicos, seja para transmitir o pensamento dos Espíritos pela escrita ou pela palavra. Para o Codificador, a mediunidade de efeitos físicos são as materializações, curas, transfiguração, pneumatofonia, pneumatografia, e a mediunidade de efeitos intelectuais são a intuição, psicografia, psicofonia, vidência, audiência, dentre outras.



    Jornal Verdade e Vida:
    Em sua opinião, a mediunidade pode se apresentar em todas as religiões? Por que ainda existe uma resistência de outros credos ao termo mediunidade?


     Jorge Hessen: Sim! Relembremos que a mediunidade é a “luz que seria alastrada sobre toda carne”, consoante anunciado por Jesus. A oposição de outros credos quanto à mediunidade conferimos basicamente à superstição e a falta de informação correta sobre a fenomênica mediúnica. Cremos que, quando os seguidores de outras designações religiosas compreenderem que o Cristo sancionou a mediunidade para todos os seus seguidores, a partir de então as suas igrejas beberão nas fontes límpidas dos fenômenos psíquicos, beneficiando-se com as suas imarcescíveis luzes.



    Jornal Verdade e Vida: Você acredita que ainda hoje médiuns que não entendem o seu dom podem ser enviados a clínicas de repouso, sendo considerados com problemas psicológicos e mentais?


     Jorge Hessen: Com certeza! Dificuldades psicológicas e mentais podem ter vinculação com a obsessão (mediunidade torturada) que, mormente altera-se em demência, não só porque a lei das provações também o decreta, como igualmente na suposição de o obsedado oferecer-se voluntariamente ao embaraço das forças negativas do além que o circundam, elegendo essa espécie de provas.

    Jornal Verdade e Vida: Existe diferença entre a mediunidade natural e a desenvolvida?


     Jorge Hessen: Considerando que mediunidade é a “luz derramada na carne”, então ela é natural, e portanto inerente a todos os homens. Nenhuma pessoa necessitará forçar o “desenvolvimento” da mediunidade, até porque, nesse território, toda a espontaneidade é imperiosa. É extremamente importante expor que a mediunidade não pode ser produto de afoiteza em qualquer setor da atividade doutrinária, pois que, em tal contexto, avigoramos a lembrança de que toda a espontaneidade é imprescindível, ponderando-se sempre que as empreitadas mediúnicas são conduzidas pelos instrutores do plano espiritual.



    Jornal Verdade e Vida: Como a mediunidade surge nas crianças e como ela deve ser tratada?


     Jorge Hessen: A mediunidade pode surgir espontaneamente em qualquer idade. Cremos que na criança há inconveniência do exercício da faculdade por ser muito perigoso, pois seu organismo frágil e delicado padeceria de sequelas. Por isso os pais prudentes devem afastá-las dessas ideias. Exceção feita, porém, segundo Kardec aclara no Cap. XVIII, as crianças que são médiuns inatos, quer de efeitos físicos, quer de escrita e de visões. Nesse caso, quando numa criança a faculdade se mostra espontânea, é que está na sua natureza e que a sua constituição se presta a isso. O mesmo não acontece quando é provocada e sobre-excitada. Note-se que a criança que tem visões geralmente não se impressiona com estas, que lhe parecem coisa naturalíssima, a que dá muito pouca atenção e quase sempre esquece. Mais tarde o fato lhe volta à memória e ela o explica facilmente, se conhece o Espiritismo.



    Jornal Verdade e Vida: Qual o mecanismo de desenvolvimento de mediunidade nos nossos irmãos menores – os animais?


     Jorge Hessen: Os animais, por não possuírem a faculdade do raciocínio, não têm capacidades mediúnicas conforme entendemos. Apesar disso, determinados animais têm sensibilidades psíquicas rudimentares, harmônicas à sua condição evolutiva, pelo meio das quais podem “perceber” Espíritos. Em O Livros dos Médiuns, Cap. XXII, abeira-se do tema certificando que Espíritos podem tornar-se visíveis e tangíveis aos animais e, muitas vezes, o medo súbito que os animais denotam é determinado pela visão de Espíritos mal-intencionados em relação aos humanos presentes, lembrando porém, que nesse caso é sempre necessário o concurso, consciente ou inconsciente, de um médium humano, porque é imprescindível a união de fluidos magnéticos análogos, o que não existe nem nos animais (irracionais), nem na matéria grosseira. 


    Jornal Verdade e Vida: Explique sobre o propósito da mediunidade, e como os médiuns auxiliam os encarnados e desencarnados.



     Jorge Hessen: O principal desígnio da mediunidade, sobretudo a ostensiva, é a correção dos desacertos praticados, nesta vida e noutras encarnações. Considerando que o médium precisa praticar os valores cristãos para ser leal ao seu programa espiritual, vai ajustando as tendências de reassumir os erros contidos no pretérito recente ou remoto. O atendimento pela psicografia, psicofonia, seja para orientação de encarnados ou de desencarnados, cura física e espiritual, clarividência ou clariaudiência ou qualquer outra manifestação mediúnica, está sempre permitindo ao médium a correção dos seus. 



    Jornal Verdade e Vida: O que você pensa a respeito de pessoas que se utilizam da mediunidade, cobrando para fazer intercessões ao mundo espiritual?


     Jorge Hessen: Se um médium resolve fazer da mediunidade uma fonte de renda material, será mais prudente olvidar suas potencialidades psíquicas e não se arriscar pelo chão delicado dos assuntos espirituais. A mercantilagem no trato dos capítulos intensos da alma institui um comércio delinquente, do qual o médium imprevidente precisará aguardar no amanhã os resgates mais sinistros.



    Jornal Verdade e Vida:
    Como o médium poderá controlar a manifestação de espíritos em ambientes não adequados?


    Jorge Hessen: Depende da estatura moral do médium. O centro espírita, em tese, não pode ser apenas uma construção de cimento e tijolo. Não é o ambiente físico que influencia o exercício mediúnico, mas a postura moral do médium e do grupo. Uma Casa Espírita bem dirigida tende a se saturar das vibrações favoráveis para o intercâmbio com o além; porém, lamentavelmente há gravíssimos conflitos ideológicos e pessoais em vários núcleos espíritas, e nesses casos não recomendaria a prática mediúnica de nenhuma espécie, exceto a oração e o “jejum” mental.
    Execramos o conceito do tal “fora do centro espírita não há salvação”. Nossas grandes inspirações para escrever ocorrem dentro de nossa casa. Os grandes médiuns desempenharam tarefas de psicografia fora do Centro Espírita - basta lembrarmos que O Livro dos Espíritos foi recebido em reuniões familiares. Se examinarmos médiuns como Ivone Pereira, Chico Xavier, Zilda Gama, Frederico Junior, e mesmo as obras da codificação, notaremos reuniões mediúnicas e recebimento de mensagens em lugares muito diferentes de um  Centro Espírita.
    É bem verdade que para o médium ter um horário fixo, um grupo definido, um ambiente específico para essa finalidade, o centro pode facilitar a tarefa - não pela edificação material, mas pela disposição mental em que devem se achar os médiuns para isso. Naturalmente há tarefas complexas, como a desobsessão, por exemplo, que segundo creio, o ideal seja realizado impreterivelmente no Centro Espírita.



    Jornal Verdade e Vida: Todos os médiuns conseguem ouvir e ou enxergar os seus guias espirituais, ou essa ação é variável?


    Jorge Hessen: Há os que ouvem espíritos através de uma espécie de voz interior, que se faz ouvir no foro íntimo, mas há os que podem ouvir a voz exterior, clara e distinta, qual a de uma pessoa encarnada. Nesse caso, podem até mesmo travar conversação com os Espíritos. Para o Codificador, essa faculdade é muito agradável quando o médium ouve apenas Espíritos bons; já não o é quando um Espírito mau se lhe agarra, fazendo-lhe ouvir a cada instante as coisas mais desagradáveis e não raro as mais inconvenientes.
    Quanto aos médiuns videntes, alguns poucos gozam dessa faculdade em estado normal, quando perfeitamente acordados. Kardec ressalta no Livro dos Médiuns que raro é que a vidência se mostre permanente – quase sempre é efeito de uma crise passageira. A faculdade de ver os Espíritos pode ser desenvolvida, mas é uma das de que convém esperar o desenvolvimento natural, sem o provocar, em não se querendo ser joguete da própria imaginação. Para o Codificador, médiuns videntes propriamente ditos são raros e há muito que desconfiar dos que se inculcam possuidores dessa faculdade. É prudente não se lhes dar crédito, senão diante de provas positivas. E fora de dúvida que algumas pessoas podem enganar-se de boa-fé, porém outras podem também simular essa faculdade por amor-próprio ou por interesse.



    Jornal Verdade e Vida: O tipo de mediunidade mais popular é a psicografia? Você acredita que Chico Xavier foi o principal divulgador dessa técnica?


    Jorge Hessen: Entendemos que a mais notória das mediunidades seja a psicografia, e Francisco Cândido Xavier o mais admirável médium psicógrafo de todos os tempos.



    Jornal Verdade e Vida: Como diferenciar experiências fora do corpo e as viagens ao plano espiritual dos sonhos?


    Jorge Hessen: Pronunciam os Espíritos que uma experiência fora do corpo pode ser natural ou provocada. Deste modo, através do desdobramento podemos “percorrer” espaços imensuráveis com a velocidade do pensamento e nos deslocar para confins remotos (Europa por exemplo, e visitarmos um parente encarnado). Entretanto, qualquer “viagem” para as chamadas colônias espirituais, acreditamos ser tarefa mais intricada – urge um “passaporte” dos Benfeitores que outorgam ou não o acesso, e o fato pode advir durante o sono.



    Jornal Verdade e Vida: Por que comer carne vermelha pode trazer prejuízos à energia do médium no momento do passe ou da ajuda aos desencarnados na mesa mediúnica?


    Jorge Hessen: Conquanto os Benfeitores não desaprovem a alimentação animal, segundo questão 723 do Livro dos Espíritos, não recomendamos a ingestão de carne nos dias de tarefas mediúnicas. Os Bons Espíritos corroboram nossa assertiva quando ilustram na questão 724 que é importante privar-nos de comer carne em benefício dos outros. Emmanuel explana no item 129 do livro O Consolador que o consumo de carne é um vício de nutrição de enormes consequências, por isso devemos trabalhar pelo advento de uma Nova Era em que dispensaremos a alimentação dos despojos sangrentos dos animais.



    Jornal Verdade e Vida: No mundo de regeneração pelo qual a terra passará você acredita que a ciência comprovará a existência da mediunidade?


    Jorge Hessen: A comprovação da mediunidade será a grandiosa tarefa da ciência. Cremos que será uma das profundas conquistas científicas, objetivando despertar e iluminar a consciência humana, de modo que o homem se recomponha como ser integral (matéria e espírito) e próspero período de vida social se exprima na Terra, em lares espiritualizados, para a nova era da Humanidade.



    Jornal Verdade e Vida: Deixe uma mensagem final aos leitores do Jornal Verdade a Vida.


    Jorge Hessen: Instruem-nos os Benfeitores que o médium sem Evangelho pode prover os mais erguidos subsídios para a filosofia e ciência humanas; mas não poderá ser um missionário pelo coração. O médium evangelizado consegue aperfeiçoar a modéstia no amor às empreitadas do cotidiano, na tolerância iluminada, na diligência educativa de si mesmo, conseguindo também erguer-se para a defesa da sua tarefa de amor, protegendo a verdade sem contemporizar com os princípios no momento oportuno. O apostolado mediúnico, segundo Emmanuel, exige o trabalho e o sacrifício do coração, onde a luz da comprovação e da referência é a que nasce do entendimento e da aplicação com Jesus-Cristo. Obrigado!

    quinta-feira, 11 de outubro de 2012

    SE ABRAÇAMOS O ESPIRITISMO POR IDEAL...

    Se abraçamos o Espiritismo por ideal não podemos negar-lhe lealdade.
     A fidelidade doutrinária ressoa como algo vazio para os que não têm compromisso alinhado com Jesus e Kardec. A lealdade a Kardec incide na observância da singeleza dos preceitos anotados, atidos e alicerçados na Codificação, cujos preceitos fundamentais foram sustentados pelos Espíritos Superiores.Uma Instituição Espírita tem que laborar como legítimo pronto-socorro espiritual, tal qual refrigério em favor das almas em desalinho, e não qual recinto de miragens e devaneios. O adequado reduto kardeciano tem que estar preparado para abrigar um contingente cada vez maior de pessoas submersas no atoleiro de suas próprias crises morais, e que jazem nos vales nebulosos da ignorância.
    Os núcleos espíritas refletem a índole e consciência doutrinária dos seus dirigentes. Instituições que adotam práticas “doutrinárias” que chocam com os postulados Kardecianos não é uma casa genuinamente espírita.
    O Espiritismo apresenta-nos uma nova ordem religiosa que necessita ser resguardada. A Codificação é a resposta ajuizada dos Espíritos superiores às questões do homem aflito na Terra, conduzindo-o ao encontro do Criador. Entendemos que protegê-la da arrogância dos novidadeiros e das propostas vaporosas dos que a desconhecem, é obrigação de todos nós.
    Se adotamos o Espiritismo, por ideal cristão, não podemos negar-lhe fidelidade. O espólio da tolerância não pode tanger pela omissão diante das enxertias anormais e métodos irregulares que seres incautos planejam infligir, sobretudo nas sinuosidades do Movimento Espírita.
    Não estamos discorrendo sobre defesa intransigente dos postulados espíritas, e nem propondo rígida igualdade de metodologias, sem a devida consideração aos graus distintos de evolução em que estagiam as pessoas.
    Seria contraproducente enredarmos pelos atalhos dos extremismos injustificáveis. É óbvio que não podemos transformar defesa da fidelidade doutrinária em uniformização estanque de exercícios que podem bloquear a criatividade natural, diante do livre arbítrio de cada qual. Conquanto rebatamos atitudes extremadas, não podemos abrir mão da prudência preceituada pela pureza dos postulados espíritas. Não hesitemos, pois, quando a situação se impõe, e estejamos alerta sobre a fidelidade que devemos a Jesus e a Kardec. É importante não olvidarmos de que nos sutis consentimentos vamos descaracterizando a programação do Consolador Prometido.
    É imprescindível conservar o Espiritismo segundo herdamos do Codificador, conservando-lhe o fulgor dos conceitos, a clareza dos seus conteúdos, não consentindo que se lhe aloje ideias nocivas, que somente irão embaraçar os ingênuos e os poucos informados das suas lições.
    No Espiritismo, o Cristo desponta como sublime e magnânimo condutor de corações e o Evangelho brilha como o Sol para iluminar todas consciências.  Lembremos que Kardec transmitiu à humanidade a melhor de todas as embalagens (fidelidade doutrinária) ao grandioso presente que é a Doutrina dos Espíritos, e todos aqueles que têm como base o alicerce do amor podem, até, coexistir com qualquer obra ou filosofia, que permanecerão blindados contra os agentes das influenciações obsedante.
    Jorge Hessen
    http://jorgehessen.net

    segunda-feira, 12 de março de 2012

    MOVIMENTO ESPÍRITA NO “MUNDO DO FAZ DE CONTA”


     Este artigo advém do imaginário do autor, razão pela qual qualquer semelhança com pessoas ou fatos reais terá sido mera coincidência. Concebamos um panorama confuso do movimento espírita do “mundo DO FAZ DE CONTA”.
    Aí notamos exercício doutrinário mesclado de ideologias cognominadas “neo-esotéricas” (ufologia, astrologia, tarô, cristais, orientalização, cromoterapias, apometrias). É óbvio que toda essa carga morta esmaga o movimento doutrinário e abre as suas portas para a infestação de exorcismos inócuos (desobsessões que mais parecem os inocentes exorcismos, “choques anímicos” por correntes magnéticas(!), festival caricato de mensagens psicografadas dos parentes desencarnados.
    Nos imagos “DO FAZ DE CONTA”, pasmem! Estão imitando os trabalhos que Chico realizava com sobriedade. Substituem a simplicidade e a espontaneidade dos fenômenos mediúnicos por promessas de supostas consolações advindas do “além”. Para denunciar tal fantasia uma pessoa informou ter pedido a comunicação de um inventado avô “falecido”, e “conseguiu” a mensagem do tal avô. Há instituições que criaram trabalhos de passes para todos os gostos e interesses, ou seja, passe normal (para os inconvenientes “papa-passes”), passe forte (para obsedados), passe superforte (para doentes, obsedados e “papa-passes”).
    No “FAZ DE CONTA” há o extravagante Espiritismo da “prosperidade”, do “cure o seu corpo” e da “paz mental e emocional”. Inventaram cursos, palestras e workshops a R$.1.600,00 per capta sobre os temas da auto-ajuda realizados  em hotéis de luxo. Nesse mistifório tramaram o movimento da “nova era” (neoespiritismo!?) , das sugestões das surradas querelas sobre a coqueluche da moda “planeta em transição”, da paracientífica psicologização, pedagogização, espiritização(!?), filosofização, academização, idolatria de oradores, endeusamento de médiuns, palestrantes cover que querem ser famosos a qualquer cotação, para esse escopo fazem shows teatrais de oratória com direito a burlescas e afetadíssimas declamações poéticas e posteriores incorporações de ilustres velhinhos falecidos, cujas vozes arrastadas mais parecem personagens criadas pelo Chico, não o Xavier de Uberaba, mas o Anísio da “Escolinha do Professor Raimundo”.
    Nessa tendência mística popular, carregada de superstições seculares, no “FAZ DE CONTA” observamos a proliferação de pregadores santificados, tribunos de voz empostada e gesticulação ensaiada. Lá os órgãos “unificadores” pretendem a “união”, aplaudindo oradores empavonados, personalistas, visivelmente obsedados que encontram espaços nas diretorias das federativas para manipularem e ditarem a espetacularização e a comercialização de congressos ditos “espíritas”. Além disso, os congressos são marcados pela erudição acanhada, oratória plagiada e retórica de auto-ajuda e infelizmente ausência de trabalhos mais urgentes e debates coerentes, pois renunciam aos critérios da lógica e da razão propostos por Kardec.
    No país “DO FAZ DE CONTA” os idólatras desprevenidos aplaudem a presença de palestrantes estrelinhas que comercializam caridosamente os DVDs da palestra filmada, cantada, recitada etc, perturbando a credibilidade da Doutrina. Lembremos que aqui ou no “FAZ DE CONTA” comercializar uma palestra, além de deplorável, é uma estultícia moral.
    No “país DO FAZ DE CONTA” percebemos impulsos incontidos do culto à personalidade de tal ou qual médium. São os notáveis adoradores das gloríolas mundanas, médiuns que se ufanam com os galanteios do “reconhecimento social”, de preferência com vassalagens e construções de museus destinados a preservar sua memória enquanto estão “encarnados”.
    Que escárnio! Tais idolatrados no país do “FAZ DE CONTA” têm consciência da fatalidade biológica (morte física). Sabem que ao receberem a visitinha inevitável da “dama desencarnação” haverão de prestar contas na contabilidade do Criador, porém têm ciência que o seu cofre estará vazio de humildade, motivo pelo qual assumirão colossal dívida por terem encenados na ribalta das ilusões, das luzes dos holofotes da fama estéril, enquanto estão fazendo turismo no corpo físico.
    No mundo  “DO FAZ DE CONTA” há pessoas que idolatram tais espíritas famosos, pois são seus amigos pessoais. Contudo, escudados nessa “amizade” não têm a dignidade de adverti-los quando cometem erros. Tais amigos, que são mais “amigos da onça” do que do idolatrado, sabem dos seus lapsos doutrinários, mas silenciam, cruzam os braços, colocam vendas nos ouvidos, na boca e nos olhos para não se comprometerem e muitas vezes  se agastam com os que têm a altivez de admoestar direta ou indiretamente tais médiuns purpurinados.
    Graças a Deus esse elenco de disparates só acontece no universo do “FAZ DE CONTAS”.  Todos os fatos do FAZ DE CONTA”  nos mostram que a Doutrina Espírita aqui na vida real também ainda não chegou a ser conhecida pelos seus próprios adeptos. Herculano Pires asseverou que “expor os temas fundamentais da Doutrina não é falar bonito, com tropos [tons] pretensamente literários, que só servem para estufar vaidade, à maneira da oratória bacharelesca do século passado. É incrível a leviandade com que oradores e articulistas espíritas tratam de certos temas, com uma falsa suficiência de arrepiar, lançando confusões ridículas no meio doutrinário. Temos de compreender que isso não pode continuar. Chega de arengas melífluas nos Centros, de oratória descabelada, de auditórios parvos, batendo palmas e com palavreado pomposo. Nada disso é Espiritismo. Os conferencistas espíritas precisam ensinar Espiritismo - que ninguém conhece - mas para isso precisam primeiro aprendê-lo.”(1)
    Se abraçamos o Espiritismo por ideal cristão, não podemos negar-lhe fidelidade. É inegável que na vida real existem inúmeras práticas não compatíveis com o projeto doutrinário que urge sejam combatidas à exaustão, nas bases da dignidade cristã, sem quaisquer pecha de intolerância, tendente a impossibilitar discussão sadia em torno de questões controversas. “Jesus ensinou a orar e vigiar; recomendou o amor e a bondade, pregou a humildade, mas jamais aconselhou a viver de orações e lamúrias, santidade dissimulada, disfarçada em vãs aparências de humildade, que são sempre desmentidas pelas ambições e a arrogância incontroláveis do homem terreno.”(2)
    A verdadeira prática Espírita é a expressão da moral cristã, consubstanciada no Evangelho do Mestre Jesus. No Espiritismo, o Cristo desponta como excelso e generoso condutor de corações e o Evangelho brilha como o Sol, na sua grandeza mágica.
    Jorge Hessen
    http://jorgehessen.net


    Referência bibliográfica:
    (1)    Pires, José Herculano. O Centro Espírita, São Paulo, Editora Pandeia, 1970
    (2)    idem