Sessões para os "curandeirismos"
ilusórios (Jorge Hessen)
Jorge Hessen
jorgehessen@gmail.com
Brasília/DF
Kardec não priorizou o estudo específico da
mediunidade de “cura” nas obras da Codificação, a rigor, jamais tocou no assunto sobre “cirurgiões do além”.
Em face disso, é inteiramente contraditório e lamentável a forma de como alguns
centros espíritas propõem sessões de “cura especial” através da incorporação de
“espíritos cirurgiões” por meio de alguns médiuns “especiais”.
Não ignoramos os efeitos relativamente atraentes
contraídos por alguns incomuns médiuns de “cura”, contudo não entendemos como
imprescindível e nem valorizamos esse tipo de mediunidade. As práticas mediúnicas
fora das orientações de Kardec, são sempre espetacularizadas e não devem colonizar
as instituições espíritas.
Em que pese terem despertados curiosidades
de cientistas e estudiosos no Brasil e no exterior em face do uso de apetrechos
cirúrgicos estranhos , alguns até mesmo enferrujados, doutrinariamente jamais
identificamos nas mediunidades de José Arigó, Rubens Faria, Edson Queiroz, João
de Deus e semelhados como “médiuns” imprescindíveis para propagação dos
princípios espíritas, não obstante seja o Espiritismo capaz de explicar as intervenções
de “médicos do além” nos fenômenos de “cirurgias espirituais”.
Obviamente quando os médicos encarnados
compreenderem o valor da mediunidade (em suas várias tipificações) e sobretudo
da obrigatoriedade de mudança de comportamento moral do homem, a medicina terrena
ampliará o seu poder terapêutico.
Não somos dos que aceitam ou deixem de
aceitar um centro espírita sem “espíritos”, mas cremos que a legítima
mediunidade transformadora, a da cura legítima e concreta, é a mediunidade da
mudança de conduta, mediunidade do amor ao próximo, mediunidade da caridade, mediunidade
da paciência, mediunidade da tolerância, mediunidade da benevolência, mediunidade
da indulgência e mediunidade do perdão. Ou seja, uma instituição espírita também
pode funcionar impecavelmente sem absoluta necessidade da mediunidade com “desencarnados”.
Um Centro espírita bem
orientado não privilegia ou destaca
os fenômenos mediúnicos ditos
“ostensivos”, especialmente aqueles agrupamentos espíritas imprudentes que
apenas oferecem tratamentos de “cura” espiritual ou físico . A legítima
instituição espírita deve priorizar (acima de tudo e de todos) as reflexões pelos
os estudos, especialmente do Evangelho e ponto!
Ah! Vociferam alguns, há muitos sofredores
no mundo. Sim e daí? É óbvio que ninguém sofre os ressaibos das dores por
prazer, mas a dor não provém de Deus, pois é apenas reflexo de quem erra e ponto!
E quem não erra? Portanto, todos nós sofremos algum tipo de dor. Por isso, ofereçamos
nas casas espíritas o Evangelho, eis aí o remédio para todas as dores.
Fazer uso da mediunidade sem o adequado
entendimento dos seus perigos pode levar a distúrbios mentais. Não estamos recriminando
a mediunidade, todavia refletindo-a melhor, propondo enxergar maiores
finalidades através do intercâmbio com o além tumulo.
Ora, se a mediunidade está presente no
cotidiano de cada um e se manifesta por diversas fontes e foi herdada nessa
longa trajetória evolutiva que percorremos, ela deve ser aproveitada como
potencial de transformação pessoal sem qualquer necessidade de apelos invocatórios
e sistemáticos aos irmãos do além.
Sim!! Nossa reforma íntima é o salvo-conduto
para a espiritualidade e não a mediunidade ostensiva. Recordemos que os
Espíritos não estão à nossa disposição para promover curas de patologias que quase
sempre são providências corretivas para nosso crescimento espiritual no buril
expiatório.
Em resumo, os dirigentes de Centros
espíritas deveriam promover as bases de estudos e reflexões sobre as propostas
do Evangelho, em vez de prestigiarem sessões inócuas para os "curandeirismos"
ilusórios.
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